quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Rio de interior com disritmia #1

Já havia tanto em que não ouvia falar sobre Francisco. Teus detalhes, sinais, sorrisos e pareceres não me rodeavam mais a cabeça - eram agora apenas lembranças de um amor que se transportou, quem sabe, para vidas passadas ou até mesmo futuras.
Inconstante que sou, faço os meus inconstantes. Nunca tive aptidão suficiente para me fazer constante na vida de ninguém. Quando não me ocorria, por devidos motivos, levar todxs ao meu redor a me escarrarem afora de seus abraços e olhares, eu os vomitava, na primeira privada que me encontrasse próxima. Ou então, destruiria ainda mais todas as coisas em que havíamos sido (e foram os momentos únicos em minha vida de conseguir me estabelecer em SER alguma coisa verdadeiramente).

Tarde cheia de um dia vazio

Francisco chegou como sempre, pleno. Sua presença sempre me ecoou nos ambientes distintos.
Ninguém precisou se aproximar e me dizer que a hora havia chego. Eu o senti por perto. E sei que me sentiu também.

Na provável animação em avistar o rio, a piscina e o sol do dia em que já teimava em se despedir, encaixou a cabeça na janela do banheiro e eu, sentada à beira do rio em meio ao jardim, de primeira, o avistei. Nossos olhares se cruzaram à metros de distância, andares diferentes. Ambas as faces se fecharam e os olhos procuraram o céu e o chão instantaneamente, quem sabe recorrendo à qualquer que fossem as forças presentes n'outros planos do qual nunca fomos de crer, requisitando apelo e a ajuda para sobreviver nas próximas horas sem foder com tudo.

E então, Franscico desceu as escadas da casa em que se hospedaria. Mas Francisco não era mais alguém singular, ele tinha alguém. Desceu as escadas junto com sua guria.
Desceram as escadas e aproximaram do rio, da piscina, do sol, do jardim e da beira na qual eu, ou um resquício de mim, ainda se mantinha fixa. E os metros de distância se reduziram (ou quem sabe, metaforicamente, se multiplicaram).O rio se manteve fora de ritmo. Disritmia tornei-me.
(...)

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