quarta-feira, 29 de junho de 2011

Planos essenciais interruptos e inconclusos.

Obrigação de acreditar em não acreditar. Acreditar em nada. Nada que também seja uma obrigação. Obrigações ensandecidas, como por exemplo, viver ouvindo; repetindo; aderindo versos de (direi ensandecidamente) palavras-de-um-futuro-bom-apenas-pela-justa-causa-chamada-lembrança-tua. Obrigação de ser justa. Justa em aderir obrigações. Obrigação de ser recíproca. Contigo, comigo, conosco. Obrigação de ser piegas apaixonada. Doce, derretida, açucarada. Obrigação de ser fria e calculista. Com coisas necessárias e também aquelas coisas minúsculas-inúteis. Quase nunca é necessário desprevenir-se. Obrigação de ser sincera. Conceito que vem de casa. Obrigação de entender. Primeiramente a mim - o que já é uma puta de uma tarefa. Obrigação de fazer felicidade fluir. Gestos, sorrisos de canto, sorrisos completos. Obrigação de ser realista. Obrigação de NÃO agir como a maioria. Para fazer um ser feliz com um nada, muito fácil! APRENDE: Obrigação de dizer coisas fúteis, pois, ao que parece, é assim que comovemos cabeças vazias. Come on, olhe ao redor e perceba: quando é real; sentimental, sempre vem um "tô nem aí". Então não ligue mesmo, não ligo mesmo. Obrigação de não ligar. Para o que dizem, muito menos para algumas letras formando palavras daquilo (bobagens-desastrosas-fodidas-e-complicadas) que digo. Para o que sentem, para o que sinto. Para o teu telefone celular. Obrigação de voar, dentro da mente, vontade de tanta gente. Obrigação de ser, estar, ir, lembrar, esquecer,  acostumar, doar, levantar, adoçar, acreditar. Obrigação de acordar, pegar papel e caneta e anotar, tudo, todas elas. Todas aquelas velhas obrigações.  

domingo, 5 de junho de 2011

Um que pôde, por uma resposta ou um gesto, tornar-se único novamente.

Ela estava sentada no banco de trás do carro, ao lado esquerdo, bem atrás de mim, que conduzia o veículo. Não quisera sentar ao lado meu, pois me evitava desde o dia anterior. É isso que acontece quando é dito o que não querem ouvir. Sempre soube, porém nunca o fizera. E perceptivelmente a sociedade se chocava -e se choca- quando alguém o faz. Eu o fizera. E ela não entendera, apenas fechara sua bela cara para os meus olhares.
Noite passada tivemos uma aprofundada conversa sobre não sei quem...(não me lembro, pois os goles de vodca já haviam me afetado um pouco) que acabou nos levando a falar sobre "nós". Contudo, sei-o bem, lembro-me bem da mais importante parte, quando disse, observando sua postura ainda séria ao segurar uma lata de cerveja já quente:
"Nosso relacionamento já tornara-se frio, amargo, não único e apenas um." Olhei o chão. "Apenas mais um." Tornei a observa-la. "Porém continuo a amando, porém quero tornar tudo como ao início, porém quero nos tornar únicas para nós mesmas, assim como o anteriormente ocorrido. " E tudo o que ela, tão séria e também descontraída soube me responder, foi um belo de um "Veremos".
Quer dizer,"mermão", que tu te esforças, diz ali, na frente, corpo á corpo, cara á cara, cerveja a vodca, que queres tornar-te única, quente, fervente novamente para sua amada, e a moça, não mais tão bela por uns segundos, lhe responde, seca; irreconhecível; morna; muda e ao mesmo tempo falante demais para tanto vazio; isso...
Era o fim. Era o perceptível fim. Logo ali, foi de perceber: dia seguinte estaria dirigindo o pequeno Fusca VW 66 (sob ótimos cuidados, herdado de minha avó), com suas coisas no porta-malas, e ela ali, olhando-me do banco de trás, novamente morna; irreconhecível, como se a errada fosse eu.
Não é comovente o quanto dá de perceber que querem (ou queres tu, em especial); desejam ouvir o que lhes agrada. Seria mais fácil ela ter me levado a sério, embora vodca e cerveja não sejam semelhantes a isso (Porém, nosso amor iria muito além de semelhança qualquer). Seria muito melhor temos tido a chance de nos salvarmos, e salvarmos o amor que hoje em dia encontra-se tão fraco, em cacos, sob clichês arrogantes nesse mundo. Seria muito mais fácil temos nos tornado únicas, ao invés de apenas mais um.
Seria, não há de ser.
Não tentaria salvar, nunca mais, nada que começasse a ser movido á clichês. Já que hoje em dia, torna-se um "eu clichê" até aquele que ousa pronunciar que clichê não se tornará. Todos o dizem. Eu, não sei (Para não dizer simplesmente não, e tornar-me um adicionado clichê).
Só quero salvar o mundo disso.
Só quero que seja novamente.
Mas não o farei. Não mais.
Seria, não há de ser.
Um amor que poderia tornar-se único. Um não é único, nunca será. Quantos números um existem nesse imenso mundo?
Um que poderia tornar-se único novamente.
E pela janela do meu fusca, olho as casas, os segundos e os sentimentos passando, e nós, juntas no mesmo ambiente, talvez pela última vez, talvez pelo último nós. Talvez pelo último momento um, único, porque eu o tornaria assim.