quarta-feira, 31 de outubro de 2012

7x desencontros



   - Você me olha como se eu fosse um prêmio do qual você já se cansou. Algo inválido, vencido.  Apenas gostaria de ser enxergada, e não mais vista somente. Cansei de ter que fazer você me querer durante todas as noites. De fazer você sentir vontade de mim. Você finge após rir de canto, dizendo que sou tudo o que você precisa e de que o sexo comigo é o melhor. Mas eu sei que você procura outra bunda pra apertar quando eu não estou por perto.
   Apreciar-te apreciando a paisagem. A paisagem sou eu, nua. Há mais de meia hora. A paisagem da natureza-morta já pintada há muito naquela tela. Com tintas cujo prazo de validade já se foi há anos. 
   Quatro anos atrás eu cursava Matemática e você era um idiota que fazia curso de Alemão. Eu odeio até a hoje a forma como passei a precisar de você. Eu não entendia a gravidade do que acontecia.
   Eu não quero entender porque eu fui naquele rock in rio, eu não quero entender porque justo você tinha que aparecer na minha vida. E me fazer uma pessoa tão desejada. Você me olhava como se eu fosse um pedaço de você mesmo que estava perdido. Algo precioso, e incalculável. E eu fazia parte de você. Eu era mais do que vista: passei a ser enxergada, só que dentro da minha cabeça.
    Eu ficava a te observar de longe e pensar quando iria descobrir porque você nunca me conta dos seus segredos. Tu só sabe dar corda pra minha utopia, pro meu encanto, e depois partir por completo sem deixar rastros visíveis. Ir embora.
Aquino?
Me ouves? Olá?
Ah, é claro.
Fostes mais uma vez.
Espero que não haja uma próxima. (Digo eu, pela sétima vez).
Guardei então os desencontros em minha caixinha interior e todos os dias tiro o pó, coloco perfume e o deixo exposto pra mim pela maior parte de horas que o dia tem pra me lembrar de sempre me priorizar.
E apesar disso, ainda restou desejo carnal. 
Encontre-me e nunca mais vá sem dar adeus.
Quem sabe um beijo de despedida.

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