sexta-feira, 22 de julho de 2022


alguns existires realçam
a pulsão de vida
(que nem o último raio de sol do último minuto da hora de ouro - por um segundo o laranja banha de melancolia e esperança os caminhos fazendo com que a vida se pareça mais ávida, só por alguns segundos)

aniversário é que nem abraço
ambos substantivos que viram verbos transitivos diretos nos caminhos da imaginação
aniversariar o corpo que abriga tanto sentir
e com os anos se pinta de memórias num caderno de linhas de expressão do rosto,
o movimento das marés em forma de rugas, 
no canto dos olhos que se permitem ser embarcação dos caminhos.

aniversário é que nem abraço
completar uma volta no astro reacende a chama da vida 
e te deixa atento pra que os caminhos se iluminem por mais um longo percurso 
é como abraçar o tempo

amar é verbo intransitivo. carregado de sentido.
tão forte, não pede complemento. ele se pinta de substantivo abstrato.
o amor é como um desenho de formas astrais no caderno do não-palpável.

amor também é que nem abraço e aniversário,
a pulsão de vida é retida no âmago desses três acontecimentos.
porque abraço é acontecimento
amor é acontecimento
aniversário é acontecimento
que a gente vai tecendo, assim, mansinho
é acontecimento...
principalmente quando realçam o fluxo dos rios 
que permitem que se mantenha em movimento.

amor também é que nem abraço e aniversário
porque nos três substantivos está contida, 
na forma mais concentrada e intensa,
a chama da vida.
quente e ardente que as vezes rasga. 

dessas coisas realçam a pulsão de vida em mim:

o sal do mar na pele;
uma borboleta, breve, alçando vôo;
uma flor se abrindo em botão como quem mostra os dentes pro céu;
você. 

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